Para prevenir perdas e combater o desperdício

ago 14, 2019

Comitê criado pela ABAAS quer reduzir a incidência do problema. Entre as ações que serão lançadas está o mapeamento de fornecedores
Por Pedro Hallack

Um dos segmentos da economia brasileira que mais avançaram nos últimos anos, o atacarejo conquistou espaço no mercado ao oferecer preços mais competitivos em relação a outros canais. Segundo a consultoria Nielsen, o setor cresceu 12,3% em 2018. Para efeito de comparação, as vendas nos supermercados subiram 2% no mesmo período. Em média, 31,6 milhões de famílias brasileiras (60%) compraram mensalmente no atacado de autosserviço no ano passado. Num setor onde o principal atrativo é o preço baixo, controlar os custos e evitar o desperdício é fundamental. Para não comprometer as margens de lucro, as companhias cada vez mais formam comitês para prevenir as perdas de produtos. “Não existe uma quantidade aceitável de perdas”, resume Mônica Fernandes, gerente de Gestão de Estoque do Giga Atacado. “Todo desperdício é prejudicial às empresas e pode comprometer os negócios.

ABAAS criou no ano passado o seu próprio Comitê de Prevenção de Perdas. Agora, enviará uma carta com recomendações aos fornecedores.

 

PREJUÍZO Alguns fornecedores entregam caixas incompletas ou com produtos danificados. FOTO: Shutterstock

As perdas, que também são chamadas de “quebras”, acontecem na maioria das vezes por problemas no recebimento das mercadorias. Para os associados da ABAAS, trata-se de um ponto particularmente sensível.
Muitos atacadistas de autosserviço vêm enfrentando dificuldades no relacionamento com fornecedores, que entregam caixas incompletas ou com produtos danificados.

Com o objetivo de resolver a situação, a associação criou há aproximadamente um ano seu próprio Comitê de Prevenção de Perdas, que reúne profissionais de diferentes atacadistas para promover a troca de experiências e elaborar estratégias comuns ao canal. Após meses de trabalho, o comitê conseguiu mapear e listar os fornecedores com o maior índice de perdas. O passo seguinte foi a redação de uma carta em nome da ABAAS, que está sendo enviada à presidência e às diretorias decompliance, comercial e logística das empresas fornecedoras.

Além de notificar e alertar essas companhias acerca do problema, o documento cobra uma resolução imediata para as falhas constatadas.

Entre outros aspectos, a carta sugere “a revisão da cadeia logística” e informa que as indústrias “terão a carga considerada de alto risco”, gerando “demora na descarga”. Como o aumento no tempo de entrega tende a encarecer o frete cobrado pelas transportadoras, a associação acredita que a medida vai pressionar os fornecedores a buscarem uma solução. “Vamos ter muito mais cuidado com esses produtos e conferir todas
as caixas antes de dar entrada no estoque e assinar nota confirmando o recebimento”, diz Sérgio Martins, gerente jurídico do Atacadão.

No entanto, Virgílio Villefort presidente da ABAAS e do Villefort, ressalta que a intenção do Comitê de Prevenção de Perdas não é constranger os parceiros da indústria, mas resolver a questão em conjunto. “Queremos o melhor para todo mundo. Essas companhias, inclusive, estão convidadas para participar das reuniões do Comitê”, afirma.

De acordo com relatos de colaboradores, a chegada de caixas incompletas é a principal dor de cabeça enfrentada pelo segmento. Em alguns casos mais emblemáticos foram vistos tijolos dentro dos pacotes, colocados para simular o peso das mercadorias ausentes. Também chama a atenção o fato de muitos invólucros lacrados chegarem com produtos faltando. “Temos visto isso acontecer muito no recebimento de bebidas”, afirma Edson da Silva, gerente de Prevenção de Perdas do Roldão Atacadista. “O desafio é descobrir onde está a quebra: na própria indústria ou na transportadora?”

FOTO: Shutterstock

Além do prejuízo financeiro que essa falha acarreta, muitas empresas ficam com a imagem arranhada durante o processo. Como os lojistas vendem grande parte das mercadorias nas caixas recebidas diretamente dos fornecedores, que não são abertas antes da compra, as perdas são constatadas apenas quando o consumidor abre a embalagem. “Isso é muito grave, pois a imagem da companhia é afetada, não a do fornecedor”, analisa Sérgio Martins. “Com a carta, esperamos que os fornecedores se mobilizem para achar uma solução.”

Informação Retirada da
Revista ABAAS nº 8 | Julho de 2019
Clique aqui para ver a edição completa.