Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), fala sobre o papel das reformas para o crescimento sustentável do setor
Por Lucas Andrade
O avanço das reformas da Previdência e Tributária irá gerar bons frutos para o varejo nos próximos anos. A avaliação é de Marcelo Silva, que assumiu em abril a presidência do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo). Nesta entrevista, o executivo fala sobre o impacto das medidas para o retomada do crescimento econômico e detalha por que elas são vitais para o varejo. Silva também explica como a informalidade afeta os negócios e aponta o que precisa ser feito para resolver o problema. Em um cenário de transformações digitais, o presidente do IDV destaca ainda que as empresas precisam investir cada vez mais em tecnologia e na capacitação de pessoas.
Qual é a sua avaliação sobre o cenário econômico?
Havia uma expectativa grande de que teríamos uma retomada mais forte em 2019. Os 13 milhões de desempregados mostram que a economia está andando de lado. O avanço do PIB poderá não ser brilhante, mas enxergamos que estão sendo construídas as bases para que o país entre em um ciclo virtuoso de crescimento.
Que bases são essas?
O avanço das reformas. Acreditamos que a reforma da Previdência será aprovada no início do segundo semestre. A partir disso, começaremos a discutir a reforma tributária. O Brasil precisa voltar a crescer. Essa é a única forma de vermos os investimentos voltarem. É preciso elevar a confiança dos empresários e fazer com que a população volte a consumir. Só assim teremos reflexos positivos no mercado de trabalho.
O senhor assumiu a presidência do IDV em abril. Qual será o foco da sua gestão?
A missão do IDV sempre foi fortalecer e modernizar o varejo como um todo. Tudo que desenvolvemos aqui, com as 70 empresas filiadas, tem como premissa ser bom para o Brasil. Nunca vamos propor algo que seja bom apenas para o grupo.
Em um cenário de crescimento lento, qual é o principal desafio do varejo brasileiro?
O IDV foi criado em 2004 tendo como pressuposto um posicionamento rigoroso contra a informalidade. Esse segue sendo nosso principal desafio. O varejo formal tem contra si muitos percalços, como pagamento
de impostos, registro de funcionários e outras burocracias. Temos que cumprir a lei e fazer com que tudo isso seja feito de uma maneira correta.
Por que há tanta informalidade no Brasil?
Quando passam a ter uma atividade comercial, as pessoas físicas têm dificuldades para se formalizar diante do cipoal de leis e da infinidade de impostos. Acreditamos que, para o Brasil se modernizar, é preciso simplificar e diminuir a burocracia. Precisamos ser intransigentes nessa luta. Os empresários precisam de estímulos para a formalização. Isso vai aumentar a base de arrecadação de impostos e então poderemos ter uma contribuição justa.
Como as empresas podem atrair mais consumidores?
Elas precisam acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas e se atualizarem para melhorar a experiência de compra. O consumidor é o centro de tudo. Tem que fazer o que for possível para satisfazê-lo.
O setor está conseguindo acompanhar o ritmo das inovações?
Sim. Com a ajuda da tecnologia, as empresas estão desenvolvendo iniciativas para ter uma melhor percepção dos consumidores. Hoje em dia, todo mundo tem um smartphone com acesso à internet para ver os melhores preços e condições para uma compra. Ou seja, o consumidor está em busca de facilidades. A internet traz essa comodidade e a tecnologia permite que as lojas atendam as demandas.
Só investimento em tecnologia basta?
Não. A empresa precisa de uma cultura digital e isso passa por capacitar o pessoal. Precisa preparar os colaboradores para as mudanças, para que tenham condições de atender as dúvidas dos consumidores. É um ponto básico. Só consultoria e software não adianta em nada se o pessoal não for capacitado.
Fonte: Revista ABAAS nº 8 | Julho de 2019
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