A competitividade do Canal – Ana Fioratti aponta os desafios do Atacarejo para manter a competitividade

out 10, 2022

Existe hoje um grande desafio para o Atacarejo: manter a competitividade do canal em um momento no qual tantas mudanças ocorrem na economia e no varejo do Brasil. . E num cenário em que os limites entre canais estão cada vez mais tênues graças à transformação digital. Portanto, é preciso atuar com foco e clareza de propósito; manter uma gestão eficaz dos indicadores de resultados; tomar todo o cuidado com o sortimento; e controlar os custos de maneira rígida. Só assim o Atacarejo vai continuar proporcionando uma excelente relação custo-benefício para o consumidor.

Esses são alguns dos indicadores principais da análise da diretora do grupo Advantage para o Brasil e América Latina, Ana Fioratti, para o Workshop ABAAS no painel “Colaboração Indústria e Atacarejo”. A Advantage tem sede no Canadá e atua em mais de quarenta países com foco na Gestão Colaborativa, medindo anualmente o relacionamento entre a indústria e os canais, como o Atacarejo.

Em sua exposição, Ana Fioratti deu uma visão panorâmica sobre os fatores que mais influenciaram nas relações entre o canal e a indústria nos últimos dois anos. “O Atacarejo torna-se cada vez mais relevante para o negócio das indústrias, e uma parte importante das empresas está revendo suas estruturas e prioridades para o canal, diante da relevância do próprio Atacarejo”, disse.

Ela pontuou que é bastante generalizada a demanda por maiores investimentos da indústria no Atacarejo. Existe também a demanda por mais promotores, aliás, um dos temas que foi bastante afetado no período da pandemia. Elementos como o trabalho dos promotores no chão de loja, para organizar a exposição, o controle de preço, o shelf life e a prevenção de rupturas são vistos como críticos pelo varejo.

“A pandemia aproximou as lideranças e mudou o padrão de relacionamento entre as empresas. Hoje, especialmente, as áreas comerciais apostam no modelo híbrido, com o retorno das reuniões presenciais para discussões mais relevantes sobre o negócio. As reuniões virtuais tiraram o ‘olho no olho’, visto como essencial especialmente pelos comerciais”, explicou a Diretora da Advantage.

Ao mesmo tempo em que rompeu um paradigma – o de que não seria possível fazer bons negócios sem a presença física -, a pandemia mostrou a importância do contato pessoal para os negócios. “O Brasil é um dos países em que o relacionamento é um tema crítico para o andamento dos negócios. Há uma visão cada vez mais consolidada da importância do planejamento conjunto e do alinhamento dos propósitos entre os dois segmentos.”

ATACAREJO, PROTAGONISTA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Ana Fioratti também respondeu a algumas perguntas da reportagem da Revista ABAAS.

REVISTA ABAAS – O Atacarejo é um modelo de loja de varejo no qual o shopper tem condições de comprar produtos de consumo a preços mais em conta, geralmente quando adquire maiores quantidades. Analisando esse modelo de negócio, como a situação econômica atual afetou o setor?
ANA FIORATTI – O Atacarejo é o canal que continua crescendo justamente pela aderência ao momento econômico. É, na verdade, um protagonista da economia brasileira, ajudando o consumidor final e o CNPJ a fazer bons negócios. O Atacarejo se consolida como uma das melhores opções para todas as classes sociais e regiões geográficas. Embora a queda de poder aquisitivo de fato ocorra, o consumidor busca e encontra no Atacarejo oportunidades para comprar em boa relação custo-benefício, especialmente nas suas compras de abastecimento. O consumidor quer compor os seus gastos de forma a economizar e poder alocar uma parte de sua renda em temas como educação, lazer, reformas do lar e aquisição de bens duráveis.

RA – O Atacarejo é o setor que mais cresce no país. São mais de 2 mil lojas espalhadas por todo o território nacional, com faturamento anual que ultrapassa os R$ 230 bilhões. É também um importante empregador, com mais de 400 mil postos de trabalho diretos e outros milhares indiretos. O setor não estaria chegando ao seu limite de competitividade?
AF – É um setor que ainda não está maduro, ainda tem potencial para crescer e a abertura de lojas continua ocorrendo. Mas o mercado como um todo passará por uma ‘acomodação’ pautada pelos hábitos do novo shopper e pelas diferentes ocasiões de consumo que emergem nos últimos anos. Estamos em um momento de competitividade acirrada e os melhores vencerão – os que tiverem clareza de propósito para os seus negócios, trabalharem focados no shopper, tiverem uma forte agenda colaborativa e seguirem buscando a excelência e a diferenciação. E não podemos nos esquecer dos outros perfis de clientes do canal, os ‘clientes CNPJ’. A volta do consumo fora do lar é excelente oportunidade para a indústria e o Atacarejo.

RA – Como preservar os ganhos atuais de mercado?
AF – Para preservar a competitividade, faz-se necessário trabalhar com foco nos pilares críticos que diferenciaram o canal e o levaram a esta situação de protagonismo no mercado brasileiro: preço competitivo, relação custo-benefício e eficiência x baixo custo.

RA – Como o quadro gerencial e o corpo funcional podem favorecer a racionalidade da gestão, a economia de recursos e o aumento da produtividade?
AF – Propósito claro; foco no shopper do canal. Seguimento dos processos mais críticos e plano de melhoria contínua: toda a empresa envolvida. Gestão pautada em informações e seguimento dos indicadores críticos para o sucesso. Agenda colaborativa com a indústria buscando a eficiência dos temas prioritários e o desenvolvimento dos negócios; buscar sinergias e focar as necessidades do consumidor final. Treinamento e capacitação da equipe de forma contínua. Uso de tecnologia – ganho de eficiência.