De 1972, quando chegou ao Brasil, até agora, muita coisa mudou no Atacarejo. Em evolução constante, hoje o canal alcança 72% de penetração nos lares, mas ainda há espaço para crescer
Por Vania Nocchi
A história do Atacarejo remonta a meados dos anos 1960, na Alemanha. O objetivo da criação desse tipo de estabelecimento era oferecer produtos em grandes quantidades para comerciantes e empresários, com preços abaixo dos praticados até então pelos supermercados tradicionais. Mas foi nos Estados Unidos que o modelo de negócio se popularizou. Nessa época, surgiram as primeiras lojas da rede Walmart, comandada pela família Walton.
Em 1972, o Atacarejo chegou ao Brasil por iniciativa do Makro, que estava de olho na venda self-service para empreendedores do setor de alimentação por aqui. O crescimento acelerado chamou a atenção das grandes empresas e, aos poucos, o formato ganhou espaço no mercado nacional. A ascensão do Atacarejo no Brasil provavelmente tem relação direta com as transformações da economia do país no final da década de 1970, fazendo com que o consumidor passasse a optar por alternativas mais baratas.
Até os anos 2000, os Atacarejos brasileiros funcionavam como “clubes de compra” exclusivos para empresários com CNPJ. Como os preços chegavam a ser até 30% menores em relação aos dos supermercados, famílias se reuniam para formar pools de compras, ou seja, se juntavam a algum empreendedor para abastecer a despensa de casa no canal. Foi a partir de então que o Atacarejo se transformou num verdadeiro fenômeno.
O levantamento da NielsenIQ aponta, ainda, que no ano de 2023 a frequência ao Atacarejo continua crescendo, com 14,4 visitas por ano – aumento de 19% em relação ao ano anterior
DESAFIOS
Os números apresentados na linha do tempo refletem a expansão do canal Atacarejo no Brasil. Certamente, a competitividade é um dos diferenciais desse tipo de estabelecimento, que ganha espaço à medida que reduzir o consumo é uma necessidade real para boa parte das famílias brasileiras. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em abril de 2023, 78,3% dos núcleos familiares do Brasil tinham pelo menos uma dívida ativa
– um recorde desde que o levantamento começou a ser feito, em 2011.
Considerando esse contexto, é essencial que as lojas do canal se mantenham bem-posicionadas como alternativa de compra com bom custo-benefício. Pesquisas apontam que, devido ao impacto da retração da economia no bolso do brasileiro, o consumo no país caiu nos últimos anos. Em junho de 2022, por exemplo, houve um recuo em todas as regiões do país, segundo a Superdigital, fintech focada em inclusão econômica.
Em relação ao tipo de consumo, o abastecimento com itens de supermercado caiu 2% naquele mês. Devido a isso, desde 2020, ao lado do e-commerce, o canal foi o que mais ganhou em penetração nos lares brasileiros. Se a diferença de preços é um dos grandes atrativos do Atacarejo, esse fator também é um dos principais desafios. Por isso, é preciso nutrir um bom relacionamento com a indústria a fim de garantir a prática de uma boa política de preços e, dessa forma, manter a competitividade do canal, oferecendo sortimentos para famílias e empreendedores brasileiros.