Na matéria de capa da edição 06 da Revista da ABAAS, um histórico desde o primeiro estabelecimento com o conceito de Cash&Carry, e como o modelo prosperou e é um dos principais motores econômicos do globo na atualidade. Segundo dados do último relatório da Kantar Worldpanel junto com o canal online e os discounts, o Cash&Carry integrará, até 2020, 15,3% das vendas dos bens de grande consumo (FMCG).
O formato passou por diversas mudanças ao longo de sua existência. Originalmente visou abastecer o comerciante e é um modelo muito importante também para pequenos negócios familiares e para outro braço um pouco mais atual. “Ao longo de todo o período de expansão do cash&carry a operação também ampliou suas vendas ao consumidor final. Isto foi possível também graças principalmente a quatro fatores: 1) melhoria da renda das pessoas; 2) maior acesso ao crédito; 3) aquisição de veículo familiar; 4) os gastos das famílias se diversificaram e houve a necessidade de economizar”, afirma o especialista em varejo e cofundador da Inteligência360, Olegário Araújo.
A união das necessidades desses tipos de consumidores fez prosperar no Brasil modelos de negócios eficazes traduzidos em verdadeiros gigantes, que hoje abastecem o país inteiro. Sobre o pioneirismo, temos no Makro o marco um (1) do setor no Brasil e no mundo. Sua vinda não foi apenas uma estratégia de negócio de sucesso, foi também uma novidade que veio transformar a rotina dos empreendedores da época por meio do acesso a produtos básicos e essenciais para os pequenos negócios. Ao imaginarmos um Brasil da década de 70, com uma infraestrutura carente, é possível mensurar os desafios do Makro na época. Seguindo o critério de estar presente em regiões onde a presença do cliente alvo é relevante dentro da área de influência escolhida, o Makro cresceu rapidamente pelo país.
Do Brasil para o Mundo
Entender os modelos de negócios tipicamente brasileiros e as particularidades de seu público-alvo é um desafio constante para os gigantes do setor. Desafios esses encarados com muita perseverança e com estratégias de expansão tão assertivas que proporcionaram não apenas o crescimento do setor em âmbito nacional, como também visibilidade internacional. Segundo Olegário, o modelo brasileiro é peculiar e está sendo exportado por inovar numa combinação de modelos de negócios que ficam entre o hard discount e o Cash&Carry.
Exemplo de sucesso no Brasil e modelo em franca expansão internacional, o Atacadão está deixando a sua marca (bem brasileira) no mundo. Nascido em 1962 em Maringá (PR), evoluiu de forma gradual e lenta, culminando em 2007 quando o Carrefour comprou a rede. Hoje a rede tem o status de ser a maior atacadista do país, única presente em 100% do território nacional. Segundo o CEO do Atacadão, Roberto Mussnich, o modelo Cash&Carry que o Atacadão desenvolveu chamou a atenção do Carrefour e, em 2010, a marca foi expandida para a Argentina e Colômbia. Entre 2011 e 2013 houve a internacionalização do modelo, entendendo onde ele poderia ser aplicado. Um exemplo atual é a operação no Marrocos com lojas exatamente iguais às brasileiras, somente ajustadas à região.
Para manter o ritmo de crescimento do setor alguns panoramas são traçados quando se pensa no futuro. Um deles diz respeito à expansão geográfica no Brasil. Segundo Olegário os grandes centros estão bem abastecidos, sendo assim a tendência é a expansão para regiões menores do país, onde o desafio é manter o formato, porém em lojas menores. “Vamos verificar uma grande diversificação no formato para atender novas necessidades”, conta. A “modernização” do setor nos quesitos formas de distribuição e vendas online também são desafios latentes e como informa a pesquisa da Kantar, as marcas que adaptarem a sua estratégia de distribuição à evolução esperada dos canais em cada região terão mais possibilidades de ser bem-sucedidas.
Confira a matéria na íntegra com um panorama completo e as entrevistas com o presidente do Makro Brasil, Marcos Ambrosano, e com Roberto Mussnich, CEO do Atacadão.