Cenário Geral da Performance do Atacarejo

nov 8, 2023

Atacarejos têm crescimento em participação e frequência de compras, indicando mudança de hábitos do consumidor

Por Jonathas Rosa – Líder de Customer Success para Varejo da NielsenIQ

Depois de um longo período em que os consumidores se mantiveram cautelosos com relação à economia, começamos a observar uma sinalização de mais confiança para os próximos meses. Em julho deste ano, o índice de confiança do consumidor chegou a 95 pontos, maior número dos últimos três anos.

Parte desse otimismo está relacionada aos constantes ajustes da inflação que, por outro lado, está nos menores níveis observados no mesmo período, flutuando por volta de 3%. No entanto, famílias ainda seguem com crédito mais restrito, sob a taxa de juros na casa dos 13%, além de ter parte da renda comprometida em pagamento de dívidas – quase 78% das famílias brasileiras estão endividadas.

De forma geral, apesar do endividamento, o cenário tem contribuído para o aumento do consumo, o que faz com que o Atacarejo siga crescendo em média 20% a mais do que a soma dos outros canais alimentares – tanto os tradicionais quanto os modernos. Além disso, o setor nunca atraiu tantos consumidores: hoje, já chega a 73 de cada 100 lares.

AUMENTO DA PARTICIPAÇÃO E DA FREQUÊNCIA

O Atacarejo segue ampliando sua penetração e está no rumo para alcançar os 50% de participação no varejo moderno. Há regiões em que isso é mais que realidade: no Centro-Oeste e no Nordeste, por exemplo, o canal já representa mais de 60% das vendas. Mas o fenômeno ocorre em praticamente todas as regiões do país.

Mesmo com pouco mais de 1.500 lojas disponíveis no Brasil, acompanhamos ainda um crescimento de quase 200 unidades no último ano e cerca de 900 nos últimos seis, tendo no Centro-Oeste e no Sul as regiões que mais têm impulsionado essa expansão.

A maior capilaridade tem contribuído para mudanças dos hábitos de compra do consumidor, que começa a escolher o Atacarejo como loja para suas reposições, ou seja, além da compra de abastecimento, ele está voltando às lojas para repor produtos antes da sua próxima compra mensal. A frequência de compra no canal cresceu 13% no primeiro semestre e, junto a isso, os gastos também aumentaram em 5,8%, ou seja, o consumidor vai mais vezes e acaba separando mais de seu orçamento para o Atacarejo.

A evolução que temos acompanhado do canal – oferecendo cada vez mais serviços e variedades, principalmente em perecíveis frescos, com destaque para açougue e frutas – tem sido motor de crescimento, principalmente em volume, alcançando 2x mais do que sua própria média.

CRESCIMENTO DO CANAL

  • 200 novas lojas no último ano
  • Mais de 1.500 lojas no Brasil
  • Aumento de 13% na frequência de compra
  • Aumento de 5,8% de gastos nas lojas

*Fonte: NielsenIQ

NÚMEROS QUE MERECEM ATENÇÃO

É preciso ficar atento às movimentações de preço, principalmente de deflação em commodities que, de forma geral, tem contribuído decisivamente para o menor ritmo de crescimento, se comparado aos últimos três anos. Desde o segundo semestre de 2022, a inflação acumulada no canal passou de 23,5% para 6,3%, enquanto nos autosserviços esse número variou de 18,4% para 6%.

Há um movimento importante também junto aos fornecedores. Entre os Top 20, menos de 10% conseguem manter um índice de competitividade versus o autosserviço abaixo da média geral do Atacarejo, indicando melhor performance de fabricantes não líderes e regionais.