Um ditado do varejo diz o seguinte: “quando chegamos aos meses do ‘bro’, o ano acaba voando”. SetemBRO, outuBRO, novemBRO e dezemBRO são marcados por eventos tradicionais, como Semana da Criança, Black Friday e Natal. Em 2019, tivemos, pela primeira vez, a novidade da Semana da Pátria, com promoções para comemorar a independência do Brasil. Pelos resultados positivos, deve ser uma nova data no calendário comercial e preencher o único mês ‘bro’ que não tinha um evento associado.
Neste período, é muito difícil convencer um varejista a implementar uma mudança ou planejar o futuro. O foco fica 100% concentrado em vendas. Nada diferente do cenário dos atacadistas. Na verdade, desde que a empresa tenha feito a lição de casa para o ano seguinte, estamos totalmente de acordo com o foco. Caso contrário, você será mais um empreendedor ou CEO que acorda de manhã sem entender como sua empresa perdeu relevância no mercado.
Ainda temos uma série de empresas que adotam o período de “freeze”, em que todas as iniciativas não relacionadas a vendas ficam congeladas até janeiro, com o final das liquidações. Para alguns, esse período começa em 1º de novembro. Para outros, no dia 15. De qualquer forma, são perto de três meses em que as iniciativas ficam estagnadas. Segue-se o período de férias, quando a maioria dos gestores têm programados os seus descansos e o ano acaba começando depois do carnaval. Ou seja, temos 6 meses para realizar outros planos. Faz sentido?
Nas operações tradicionais que visito ao redor do mundo, a lógica é parecida. Nas operações inovadoras, vemos lógicas de negócio bem diferentes. Em primeiro lugar, as empresas têm se preocupado com a transformação cultural. Cultura ágil, trabalho em times, metas compartilhadas e projetos multifuncionais são pontos de convergência nessas empresas.
Um segundo aspecto fundamental é a liberdade para os times criarem e pilotarem projetos com verbas independentes. O projeto deu certo? Passa-se para o time de operações fazer o roll-out. Deu errado? Vamos aos ajustes ou descartamos, assumindo o pequeno prejuízo. Nesse modelo, temos times cumprindo a agenda de constantemente repensar e inovar a empresa.
Para 2020, minha sugestão é entrar o ano pensando em trabalhar no presente e no futuro concomitantemente. Temos que estar preparados para o crescimento da economia, o aumento da concorrência, o crescimento das operações físicas e digitais. Enfim, o Brasil está saindo da crise e o atacado ficou mais forte. Agora, para mantermos nossas vantagens competitivas em um novo cenário, teremos que repensar: como vamos nos manter relevantes? Certamente, não será fazendo as mesmas coisas que fazíamos antes, não é mesmo?
Ana Paula Tozzi
CEO e Head Comercial
da AGR Consultores
Fonte: Revista ABAAS nº 9 | Outubro de 2019
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