Aprovar a reforma da Previdência é uma medida inescapável para o governo recuperar a capacidade de investir e acelerar o crescimento econômico
Por Lucas Andrade
Se não aprovar a reforma da Previdência, o governo brasileiro vai quebrar. A afirmação é forte – mas realista. Segundo um estudo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, sem um novo sistema previdenciário o país pode entrar em recessão já no segundo semestre de 2020 – e até 2023 faltará dinheiro para o governo tocar a máquina pública. Como consequência, a taxa de desemprego pode chegar a 15,1% e cada brasileiro ficaria até R$ 5,8 mil mais pobre. Nesse cenário catastrófico, não haverá dinheiro para investimentos fundamentais para o setor produtivo – como construção de portos, estradas, ferrovias e sistemas de transmissão de dados.
A situação já é preocupante. O governo federal encerrou o primeiro trimestre de 2019 registrando o menor patamar de investimentos desde 2007, segundo dados do Tesouro Nacional e do Banco Central. A perda da capacidade de investimento reflete a má situação fiscal do país. As contas públicas não saem do vermelho desde 2014, quando o país registrou déficit primário de R$ 32 bilhões. Para esse ano, o rombo deve atingir R$ 102 bilhões nas projeções do governo. Boa parte do rombo deve-se aos custos do sistema previdenciário. Conforme a Secretaria do Tesouro Nacional, os gastos com Previdência Social representam cerca de 55% das despesas da União. É por isso que endurecer as regras para concessões de aposentadorias e pensões é tão importante para o país.
Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, não dá para pensar em uma reforma com economia inferior a R$ 1 trilhão. “Mantendo essa projeção, o governo consegue colocar o ritmo de crescimento dos gastos previdenciários em linha com o avanço do PIB, ou um pouco abaixo do produto”, diz. Para ele, se a proposta for muito desidratada, o gasto previdenciário continuará crescendo acima da atividade econômica.
Virgílio Villefort (Villefort Mais Barato Todo Dia), presidente da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (ABAAS), avalia que o país irá entrar em um longo ciclo de crescimento com o avanço da reforma. “O Brasil sai do sufoco e muda seu destino”, diz. “Vai contribuir para destravar os investimentos, impactando na recuperação do mercado de trabalho e, consequentemente, no aumento do consumo.” Presidente do Conselho Deliberativo da ABAAS, Ricardo Roldão (Roldão Atacadista), vai na mesma linha. “A Reforma da Previdência é vital para a geração de empregos e o equilíbrio fiscal do país.”
Segundo Villefort, a aprovação da reforma aumenta a segurança para os negócios, uma vez que, com as contas equilibradas, o governo consegue manter inflação e juros baixos. “Teremos um ambiente estável e mais confiável, que irá favorecer projetos a longo prazo”, diz. Ou seja, além dos investimentos públicos, haverá mais investimentos do setor privado. E quem ganha com isso é o país..
Os gastos com Previdência Social representam 55% das despesas da União. Por isso, é fundamental mudar as regras
Fonte: Revista ABAAS nº 8 | Julho de 2019
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